domingo, 2 de maio de 2021

Pluriversidade: um caminho para valorização dos saberes

 



Fonte: todamateria.com.br

Boaventura Santos é um jurista e professor universitário da Universidade de Coimbra, o mesmo traz muitas reflexões sobre a pluriversidade e a ecologia dos saberes. Boaventura é um intelectual atuante na atualidade, compreende muito bem a diversidade de conhecimento e  sua validação no mundo das ideias e das práticas.

É sabido, que desde o princípio da universidade no Brasil, o modelo eurocêntrico é dominante, bem como as ideias predominantes do patriarcado e colonialismo, a universidade desde então era vista (atualmente embora se discute o saber tradicional, mesmo assim não é validado)  , como uma fonte de onde jorrava apenas o saber científico, em detrimento dos saberes tradicionais de povos indígenas, quilombolas, que por vezes são invalidados e transformados em senso comum, tornando o saber pejorativo. 

Os conhecimentos dos povos tradicionais como da comunidade indígena e quilombolas no Brasil, ao longo dos anos, foram passados de geração a geração, pela tradição oral, por isso, não se tem muitos registros escritos, no entanto, estes povos carregam na memória uma diversidade de conhecimento sobre agricultura, plantas e suas propriedades, cura de doenças, enfim uma diversidade de saberes, que para Boaventura deve ser valorizado e discutido nas universidades com validade. A ecologia do saber representa esta perspectiva. 

 Para Boaventura, o modelo dominante de universidade, é o neoliberal, em que as pessoas são formadas, para atender as demandas do capitalismo, como mão-de-obra, seja na pesquisa por inovação tecnológica ou criação de produtos, ou em qualquer outro meio que gere lucro. Por esse motivo as áreas de conhecimento que visa compreender a sociedade e os saberes múltiplos como os tradicionais não recebem bons investimentos para pesquisa. Como as áreas das Ciências Sociais e Humanas. 

Mesmo que se construa nas universidades este modelo mercadológico, é importante refletir que a universidade deve ser um espaço de todos, onde se construa uma variabilidade de conhecimento, podendo ser este tradicional ou científico, pois um não deve ser em detrimento do outro, vice-versa. 

Porquanto, para Boaventura, o conhecimento é aplicável a depender do objetivo que se busca com tal saber, por exemplo: se um indivíduo, querer ir á lua, irá  precisar da experiência científica, mas se este quer fazer uma pesquisa botânica na Amazonas, precisará do conhecimento dos indígenas do local, para conduzi-lo e até mesmo apresentar espécies nativas. Então, um saber não anula o outro.

Para se construir o saber tradicional na universidade, deve-se ter estratégias de engajamento, como promoção de oficinas dirigidas por líderes e mestres tradicionais, seminários, fóruns de cultura com mesas formadas por estes mestres, além disso, pode-se dá abertura para estudantes indígenas e quilombolas e outros para dirigir diálogos. Para tanto, é interessante ter nas universidades movimentos sociais muito bem engajado em prol da diversidade em todos os aspectos cultural, histórico, regional e etno-racial.

Assistam agora o documentário : "Eu vir de longe" que mostra uma produção audiovisual de um curso de Formação Transversal em Saberes Tradicionais foi criada na UFMG, em 2014, em caráter experimental, e instituída formalmente no ano seguinte. A iniciativa é inspirada e dialoga com a proposta do Encontro de Saberes nas Universidades Brasileiras, iniciativa vinculada ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Inclusão no Ensino Superior e na Pesquisa, coordenado pela Universidade de Brasília (UnB). 

   


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